quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ensaio sobre a intolerância (e suas desculpas)

"Você tem que entender que eu sou de uma época que isso não era normal"
Todo mundo já deve ter ouvido alguém falar isso ou alguma coisa parecida para justificar o fato de não aceitar algo comum na sociedade atual, mas que não era há algum tempo. Mas será que esse tipo de argumento é válido?
Posso não querer colocar um
piercing ou fazer uma tatuagem, mas quero
continuar a jogar video-game
quando for velhinha. Mas prefiro um wii.
Eu não acho que a data do seu nascimento possa ser uma explicação plausível para a sua intolerância. Aliás, para mim, não existe nenhuma explicação para isso. Mas, penso eu, que a pessoa que diz uma coisa do tipo, não se acha intolerante. No mínimo, ela pensa que o fato de ser de outra época a deixa isenta da falta de tolerância.
Eu não consigo encontrar a ligação entre ser de outra época e não tolerar certas coisas de hoje. Será que essas pessoas que usam esse argumento para justificar não aceitar a homossexualidade, por exemplo, o usariam também para ser contra os avanços na medicina? Ou alguém já ouviu uma pessoa falar "Não vou tomar esse remédio ótimo para minhas dores nas costas porque na minha época não era assim"?
É claro que nem toda mudança da sociedade nós temos que aceitar. Podemos ser intolerantes em alguns aspectos, às vezes, até devemos. Só que não suportar o outro simplesmente porque ele é diferente de você e não é da sua época é um pouco demais para mim.
Mas o que me preocupa mais, antes eu mesma julgar quem usa esse argumento, é pensar se algum dia eu serei assim. Será que em algum momento da minha vida eu vou pensar que posso ser intolerante porque sou de outra época? Será que vou parar no tempo e não acompanhar as mudanças da nossa sociedade? Eu sinceramente espero que não.
Pode ser que não esteja nos meus planos ser uma vovó toda tatuada e com piercing nos mamilos. Mas que eu continue conseguindo acompanhar as mudanças e, principalmente, entendê-las e aceitá-las. Se for pra escolher, eu prefiro um piercing nas minha peitcholas caídas a não saber dialogar com meus netos.

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